Um pequeno inseto que transmite uma grande doença Parte 2
(Sinais, Tratamento, Risco, Prevenção)
SAÚDE & PROTEÇÃO
20 Jul, 2022
Tempo estimado de leitura: 6 minutos

A leishmaniose canina é uma doença infeciosa encontrada em muitos países e causada por um parasita muito pequeno transmitido aos cães através de um pequeno inseto que se alimenta de sangue, conhecido como flebótomo.
Pode um cão ser infetado e não apresentar sinais?
Os cães que são infetados podem ter resultados diferentes:
- A maioria dos cães infetados desenvolve anticorpos contra a Leishmania, embora os níveis de anticorpos sejam normalmente mais elevados nos cães doentes.
- O parasita Leishmania pode ser detetado na medula óssea dos cães infetados, utilizando métodos de teste especializados.
Alguns cães infetados não irão desenvolver sinais clínicos, enquanto que outros ficarão muito doentes. Os cães que não desenvolvem sinais clínicos são chamados de cães infetados subclinicamente. Os cães infetados tendem a enquadrar-se em um de dois tipos:
- Cães com aspeto saudável mas infetados que, graças a uma resposta imunitária ativa apropriada, não apresentam sinais clínicos nem mesmo quaisquer resultados laboratoriais anormais.
- Cães doentes que desenvolvem uma resposta de anticorpos potente, mas não protetora, que na realidade ajuda o parasita a disseminar-se por todo o corpo. O resultado nestes cães doentes é a ocorrência de danos associados ao parasita em diferentes órgãos de todo o corpo. Estas alterações irão então resultar na grande variedade de sinais clínicos e em resultados laboratoriais anormais descritos em cães com a doença.

Em áreas com infeções por Leishmania estabelecidas, a proporção de cães infetados subclinicamente pode exceder 60% da população canina total, enquanto que a percentagem de cães doentes é geralmente entre 5 e 10%. Esta elevada proporção de cães infetados subclinicamente constitui um grande reservatório para o parasita e ajuda a transmitir a doença a outros cães através dos flebótomos.
Os cães infetados subclinicamente não desenvolvem sinais clínicos nem apresentam resultados laboratoriais anormais, mas podem infetar flebótomos e perpetuar a infeção. Por conseguinte, estes cães transmitem a infeção apesar da ausência de sinais clínicos e de uma carga parasitária aparentemente baixa.

Quais os sinais clínicos que um cão doente apresenta e porquê?
Os sinais clínicos de leishmaniose canina resultam de:
- Lesões nos órgãos e tecidos que o parasita invadiu.
- Reações do sistema imunitário em diferentes órgãos.
Nas fases iniciais da doença, os sinais clínicos são ligeiros e incluem:
- letargia
- perda de peso progressiva
- intolerância ao exercício
- gânglios linfáticos aumentados
- queda de pelo ligeira com pele com aspeto escamoso
Progressão
Se o cão não for tratado, observam-se alterações mais graves na pele com a formação de úlceras sobre as proeminências ósseas e nos cantos da boca e dos olhos.
Outros sinais que indicam um aumento da gravidade são:
- Hemorragias nasais
- Doença renal com aumento da ingestão de água e da micção
- Artrite e coxear
- Lesões nos olhos
Outros sinais clínicos menos frequentes são:
- Febre
- Perturbações digestivas
- Lesão cerebral
- Doença cardíaca e pulmonar
A maioria dos cães que apresentam uma recuperação precoce da doença pode permanecer de boa saúde durante muito tempo, possivelmente durante anos. Em contraste, os cães nas fases mais avançadas da doença têm uma esperança de vida reduzida devido a complicações da doença renal crónica, a principal causa de morte na leishmaniose canina.
Existe um número limitado de medicamentos eficazes no tratamento da leishmaniose canina e estes têm de ser administrados sob cuidadosa supervisão médico-veterinária. Além dos tratamentos medicamentosos específicos para a Leishmaniose, o tratamento sintomático também é importante.
- Certifique-se de que o cão recebe uma dieta equilibrada e saborosa.
- Outros tratamentos complementares, dependendo da situação clínica de cada cão
Em cães com lesões na pele, a aplicação de banhos, antisséticos e suplementos nutricionais são benéficos e melhoram o seu bem-estar.
Os outros animais de companhia ou as pessoas em casa estão em risco?
Os cães infetados subclinicamente e doentes podem viver com pessoas sem transmitir diretamente a infeção a outras pessoas do agregado familiar. As pessoas adquirem a infeção isoladamente através da picada de flebótomos. Por conseguinte, as pessoas que vivem numa área onde se sabe que existem cães infetados e flebótomos enfrentam os mesmos riscos que os seus cães. Os cães infetados também devem ser protegidos contra os flebótomos de modo a reduzir a possibilidade de flebótomos adicionais se infetarem com o parasita.
Medidas preventivas nos cães contra os flebótomos podem reduzir o risco global de doença para os seres humanos através da aplicação de repelentes eficazes contra flebótomos em todos os cães da comunidade. Esta abordagem diminui a probabilidade de infeção dos flebótomos.
Os gatos também podem ser infetados e também podem ter a doença.
Quais são algumas das recomendações para estratégias de prevenção?
A via principal de transmissão de Leishmaniose é através da picada de um flebótomo e a melhor forma de proteger os cães é utilizar repelentes com eficácia comprovada anti-alimentar contra os flebótomos. Estes estão disponíveis sob a forma de coleiras, pipetas spot-on e pulverizadores. Algumas coleiras antiparasitárias têm ação prolongada contra a picada do flebótomo transmissor da leishmaniose e há mesmo algumas em que uma única coleira pode fornecer um ano de proteção. Fale com o seu Médico Veterinário de forma a encontrar a solução que proteja o seu cão durante mais tempo.

O controlo dos flebótomos no ambiente utilizando métodos químicos (por exemplo, fumigação periódica) é quase impossível e pode potencialmente prejudicar outras espécies animais e o ecossistema local. Recomenda-se a utilização de barreiras físicas nas casas, incluindo redes mosquiteiras nas janelas e redes mosquiteiras impregnadas de inseticida à volta das camas durante a época de alto risco. Adicionalmente, evite e remova o habitat favorável aos flebótomos em volta da casa, limpando a matéria orgânica em decomposição. Por fim, mantenha os cães dentro de casa durante a época de maior atividade dos flebótomos (do anoitecer ao amanhecer) de modo a reduzir o risco de transmissão.
A vacinação está disponível. Os cães seronegativos com mais de 6 meses de idade podem ser vacinados e o benefício dura aproximadamente um ano, pelo que são recomendados reforços anuais. A vacinação melhora a resposta imunitária dos cães e ajuda os cães a combater a doença caso adquiram a infeção. No entanto, a vacina não evita a infeção e a utilização de repelentes continua a ser essencial em cães vacinados.
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